
Na casa de cômodos, vivia, ao lado de Marius, uma família de quatro pessoas. Havia também um garoto de onze a doze anos, que não morava com os pais, mas nas ruas de Paris. Era um menino alegre, chamado Gavroche. Quando a família ia sendo despejada, Marius pagou os aluguéis atrasados, mas pediu que o locador não dissesse de onde veio a ajuda. Certo dia, quando Marius subia a rua, passaram sorrendo por ele suas mocinhas vestidas com farrapos. Elas comentavam que a polícia quase pegava elas. Pouco depois, ele achou um envelope caído no chão. Quando chegou em casa, resolveu abrir o envelope, para saber onde as mocinhas moravam e devolver. Dentro do envelope havia mais quatro envelopes menores e os nomes dos destinatários. Eram cartas pedindo ajuda financeira com os mais diversos pretextos. A letra era sempre a mesma, mas a assinatura era diferente. Marius desistiu de encontrar o dono e deixou o envelope no canto.
Na manhã seguinte, bateram à porta. Era uma jovem magra, de aparência maltratada e voz rouca. Vinha entregar uma carta. Ele abriu e leu a carta. Dizia que os vizinhos sabiam que ele havia pago os aluguéis e no final pediam ajuda, pois estavam sem pão. A letra era igual à das cartas que encontrou na rua. A mocinha, sem cerimônia, queria provar que sabia escrever. Escreveu num papel: "Aí vem a polícia". Marius pegou o envelope que tinha encontrado na rua e entregou a moça. Esta agradeceu e disse que tinha que ir entregar as outras cartas. Antes que ela saisse, Marius revirou os bolsos e deu quase tudo o que tinha à mocinha.
Marius ficou pensando, quem seriam seus vizinhos?. Ele resolveu olhar o outro cômodo, encontrou uma brecha e viu um lugar sujo, miserável. De repente, entra a filha mais velha e diz que o velho estava vindo. Marius olhava tudo atento. O homem começou a preparar o cômodo para parecer mais triste e assim despertar a piedade do homem. Bateram de leve, Jondrette mudou de atitude e abriu a porta com um sorriso falso. Um velho e uma jovem entraram. Para surpresa de Marius, eram o eles: o pai e a filha do Jardim de Luxemburgo.
A moça pôs um embrulho na mesa. O velho explicou que eram roupas, meias e cobertores. Jondrette começou a lamentar-se e disse que o prazo do aluguel venceria no dia seguinte. O velho pôs uma moeda na mesa e disse que depois voltava para pagar o aluguel. Jondrette agradeceu. Assim que o homem saiu, Marius foi atrás dele, pois queria saber onde moravam. Foi inútil, pois eles tinham pegado uma carroça de aluguel. Voltava triste para casa quando encontrou a filha de Jondrette. Esta perguntou por que ele estava triste. Na hora, ele pediu o endereço do velho e da moça. Ela disse que seria capaz de descobrir.
Quando Marius voltou ao quarto, ouviu a voz de Jondrette. Subiu na cômoda e espiou de novo. Ouviu ele dizendo que reconhecia o velho e que iria vingar-se dele.
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